segunda-feira, 23 de novembro de 2009

AT LAST! (com muitas dores de cabeça)

Acabei finalmente a animação para o concurso da Nintendo Portugal com a aplicação Flipnote da Hatena. Muito porreiro de fazer.



A palavra de ordem neste caso e porque o tempo não era muito para mim, que sou lenta como tudo, era simplesmente uma: simplicidade.



Deixo aqui

Talking Rhapsody



Desenhos e Animação: Beatriz Pinto
Música: Rhapsody in Blue por George Gershwin orquestrado por Ferde Grofé

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Tim Burton at MoMA



Sad not to see the exhibition.

Esta exposição estará no Museum of Modern Art de New York, até Abril.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Há coisas pequeninas



Falam-nos delas como se fossem maiores que 3 continentes, gravam as suas imagens na nossa memória sem nunca as termos visto, pedem-nos admiração sem nunca se dirigirem a nós.

Há, de facto, coisas muito pequeninas que se fazem grandes. Há coisas muito grandes que se fazem pequeninas. E, há coisas...que se fazem coisas.


Tudo depende de um certo ponto de vista, que acabamos por perceber que não é fixo e que vai ser sempre um qualquer que, mais cedo ou mais tarde, se acabará por renovar.


No fundo, é por nós que tudo é o que é. Um vão conhecimento de existência que depende tanto da vontade como do desejo de fazer ser.



domingo, 27 de setembro de 2009

Estou ainda indecisa mas já tenho algumas opções para o caso da irremediável, mais fraca mas ainda, vitória do PS:

a) Fugir do país

b) Deixar uma bomba no parlamento, no lugar do Sócrátas

c) Começar a ligar mais à bola e às jolas



segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Frank Zappa contra a censura







Espero que tenham a paciência de ver este vídeo, trata-se de uma discussão em que os convidados são Frank Zappa e um colunista do Washigton Times. Encontrei o vídeo numa das pesquisas que às vezes faço pela rede do Youtube, e é do programa Crossfire, em 1986, senão me engano. O tema em debate é polémico: Será que o estado, neste caso o Norte-Americano, deveria exercer algum tipo de censura em relação a certas músicas? Referem-se àquelas músicas que falam de sexo, de raiva, de suicídio... Protegem as crianças, dizem os que estão a favor de que a censura devia ser permitida a certo nível. Pois não seria isto uma regressão? Estar a tirar às pessoas a liberdade que têm de se expressarem? Frank Zappa defende que não é lógico proibir a música, que não faz sentido fazê-lo pois é expressão, é a liberdade de cada um de exprimir o que tem para exprimir e de escolher o que quer ouvir. O jornalista que contra ele argumenta diz que devemos proteger as crianças dessas palavras, que essas palavras não podem andar "à solta". Acho incrível certos pensamentos. As crianças são altamente influenciáveis por quem as educa, se essas pessoas lhes mostrarem aquelas músicas num contexto em que seja pedagógico, não é problema nenhum. Acho é que as pessoas que argumentam que outras devem ser privadas de escrever certas músicas, ou não sabem o que é verdadeiramente o mal das coisas. As crianças devem ser confrontadas desde cedo com o que vão encontrar no mundo mais tarde, e se houver preocupação, então não tem que ser do estado, mas sim dos responsáveis por elas. Meus caros, censura é que não. Antes de mandar os problemas para os outros, devemos tentar ver o que podemos nós fazer para o caso. E isto é em tudo. E isto falta em Portugal.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Silly Season


Cócó chichi!



[breve silêncio]




AAAAAH! AHAHAHAHAH! JÁ PERCEBI!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Summer Music Thing

Têm começado bem estas férias, cheias de música. Começou com o concerto de Yann Tiersen, um artista que gosto imenso e que é mais conhecido pelas bandas sonoras dos filmes Le Fabuleux Destin d'Amelie Poulain e de Goodbye Lenin!. Sei que o artista é extremamente talentoso, é multi instrumentalista pelo que um concerto ao vivo do mesmo costuma trazer todo um malabarismo instrumental muito interessante, no entanto este último, no CCB em Belém, não deu tudo o que poderia ter dado. Foi muito mais electrico e com muita música nova, que gostei, mesmo assim achei que ele poderia ter mostrado algumas das suas peças mais antigas, dando um "show" muito mais elaborado, também sentido, mas mais trabalhado. Foi uma espécie de desilusão, por ter achado que ia ver um grande e enorme espectáculo de um dos meus artistas preferidos.



Ainda na mesma semana deu-se o festival Optimus Alive 2009, ao qual fui e não bastando ter apenas ido, deu-se que fui aos 3 dias. Para este festival talvez tivesse as expectativas mais baixas, estando habituada a ver cartazes muito interessantes, neste deparei-me com cartazes medianos, pensava eu. O facto é que fui aos três dias, precisamente para experimentar aquelas bandas que não conhecia tão bem e fiz eu muito bem. No primeiro dia, sabia que não iria existir problema:



Mastodon, Metallica, The Vicious Five, Os Golpes, Klaxons e mais uns quantos. É um problema dos festivais, o facto de nos deixar de tal forma confusos que às tantas já nao sabemos bem para onde ir, o que ver, como li há uns dias num artigo: é um evento que nos faz ficar esquizofrénicos, pois só podemos ver algumas bandas e ainda assim às vezes apanhamo-las a meio. A surpresa neste dia foi The Vicious Five que me deliciou aquando a actuação de Spliknot no palco principal, banda que não aprecio. Os Golpes foram bons, naquela sua onda de nova banda bem vestida; Mastodon gostei imenso, uma espécie do Metal muito sinfónica e agressiva ao mesmo tempo; Metallica bons como sempre, embora marcados, na minha opinião, cada vez mais pela comercialização da sua música, os concertos deles ainda que bons na qualidade deixam-se afogar um pouco na necessidade de espalhar publicidade, frases feitas e palhetas. No segundo dia estiveram presentes bandas como: Os Pontos Negros, Eagles of The Death Metal, The Kooks, Fisherspooner, The Prodigy, The Ting Tings e outros. Pontos Negros, foi mais uma banda nova marcada pelo alternativismo para a qual a música portuguesa gosta de caminhar, ainda bem, é uma boa banda para se ouvir de vez em quando, e o concerto assim foi passando; Eagles of the Death Metal, foi a melhor surpresa desse dia! A energia dos artistas, do vocalista e da música fizeram desse, na minha opinião, um dos melhores concertos do dia; The Kooks é também uma banda suave, daquelas que é bom ouvir de vez em quando e assim sendo o concerto também teria tido tudo para passar como a música, no entanto foi bem mais animado que isso, devido ao público que entusiasmado por aquela música se deixou levar com sorrisos e no meu caso, músicas cantadas em "nanananaaa", porque, perdoem-me os fãs, não conheço assim tanto de The Kooks; Fisherspooner e The Ting Tings foram duas bandas que gostaria de ter visto o concerto mas que, por aquele problema tipicamente festivalesco, não consegui ver; E de Prodigy, a banda que todos falavam, que anseavam por ver e que para mim se revelou como o pior concerto em que já estive: Não gostei da música, estava numa parte da plateia que se revelou tudo menos agradável e estava a pensar em como conseguiria sair dali para ir ver The Ting Tings e não conseguia, por haver moches em todo o lado. O último dia foi talvez o melhor dos três! O facto de não ter nem metade da população que tiveram os outros foi logo um ponto muito importante, foi possivel ver os concertos sem ser aos empurrões e estar nas calmas. O cartaz não prometia muito, na minha opinião, mas deu-me bem mais do que eu achava possivel, mesmo que tenham sido poucas as bandas que vi, por ter ido mais tarde para o recinto, as bandas presentes foram: Boss AC, Ayo, X-Wife, Los Campesinos, Linda Martini, Chris Cornell, Autokratz, Black Eyed Peas, Dave Mathews Band e umas outras bandas que só vi de longe. Não vi Boss AC nem X-Wife, mas de certeza que terei oportunidade para tal se quiser. Ayo estava a tocar mal eu cheguei, pareceu-me ser uma espécie de Corinne Bailey Rae, com uma cantiga suave e etnica; Los Campesinos, que energia, que simpatia e que alegria, adorei o concerto. Dá-me ideia que esta banda teve a sorte, que muitas não têm, de visitar a nossa bela cidade antes de actuarem e de conhecer alguma da nossa população, pelo que foi um concerto muito intimista em que se trocaram presentes e piadas, em que o vocalista, incitado por uma música deles estar a ser usada para publicidade da SuperBock, interrompeu o concerto várias vezes para dizer de forma divertida frases do género "And now i have to thank SuperBock and drink a bit of this wonderfull beer that is SuperBock, i hope you enjoy SuperBock. Cheers!"; Linda Martini, provavelmente a minha banda preferida a nível nacional e que deu, como seria de esperar um magnifico concerto, com aquela música entre o literário e o barulho do punk, cheia de sentimento e energia eléctrica. Pena não terem tocado mais uma música a pedido do público, mas também estavamos a pedir de mais. Culpa deles, fazem boa música e o público fica sedento; Chris Cornell também foi um bom concerto, lá apareceu o ex-vocalista dos Soundgarden e outras bandas, para nos relembrar um pouco, com êxitos como Black Hole Sun e SpoonMan. Por fim e para fechar em grande foram os Dave Mathews Band que não conhecia bem, até porque achava que eram mais uma banda suave e fraquinha, no entanto revelaram-se como uma superbanda de qualidade extrema, todos os músicos foram óptimos, as músicas eram reconfortantes e a voz de Dave Mathews complementava perfeitamente. Achava eu que não era possivel serem melhores e lá largam eles uma fantástica cover da Stairway to Heaven, dos Led Zeppelin. Passei o concerto todo a dizer "Estes gajos são espectaculares!". E assim passou mais um.



O último concerto foi no dia de ontem: Vaya con Dios. Na continuação de uma etapa cheia de boa música, este último conseguiu ser tão bom ou melhor que o de Dave Mathews Band, ainda que a vocalista, surpreendida pelo friozinho de Mafra, nos tenha pedido imensas desculpas pela condição das suas cordas vocais, permitiu-me passar o concerto todo a pensar "Que voz! Que artistas!", mais uma vez, um concerto de uma qualidade incrivel em termos de músicos e mais uma vez uma voz óptima que não altera em nada com a idade.

Espero que não acabe por aqui a minha maratona musical, porque tem estado em crescendo.

quinta-feira, 2 de julho de 2009



Esquecimento, desprovido de eufemismos, é na verdade o nosso mais puro e real medo.


Insomnia

Insomnia is a symptom of a sleeping disorder characterized by persistent difficulty falling asleep or staying asleep despite the opportunity. Insomnia is a symptom, not a stand-alone diagnosis or a disease. By definition, insomnia is "difficulty initiating or maintaining sleep, or both". It is typically followed by functional impairment while awake. Insomnia constitute a sleep disorder. It is a sympton of a disorder. Difficulty falling asleep. Definition maintaining sleep. sleep. sleep. sleep. sleep. Sleep!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Pois se não sois nada e o sabeis,
porque insistes em querer ser
e em não saber?

Se o pó anda mais rápido,
se pára, se adormece.
Se o sangue corre, surge
e se deixa derramar.

Se ambos são um só,
que nada mais é que o nada
que te fez e te faz

Então morre por uns tempos.

Para que haja existir sem tal conhecimento.

domingo, 14 de junho de 2009

Pause



Janelas em gota.


Custo: 1,99€ + IVA


Na compra de 10 oferecemos uma almofada insuflável para levar para a praia!

terça-feira, 9 de junho de 2009

viva o imperialismo capitalista...

...e viva ao que se reduz a minha vida nestas próximas semanas...


segunda-feira, 1 de junho de 2009


I'M ALMOST DONE!

Quero tempo mas quando o tiver não o vou ter. Sacana do tempo!

Ao menos que ele se aguente como tem estado, assim com o sol.


Quero um muffin...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Doisneau


Às vezes a beleza está nos "nadas"









sexta-feira, 22 de maio de 2009

Waving Man!


Descobri já não há muito tempo uma figura que me fascinou.


Foi ainda este ano que, ao passar pelos lados do Restelo de carro, vi um senhor, já com alguma idade, com um grande sorriso na cara, muito bem vestido, a acenar a todos os carros que passavam. Experimentei acenar-lhe também. Respondeu-me com um sorriso ainda maior. E fiquei eu com um também. Porque é que nunca me lembrei disto? Se eu sei que são pequenas coisas que nos alegram o dia e que fazem a diferença. Porque não nos lembramos todos destas coisas?
Motiva-me muito ver pessoas que, seja por fugirem à solidão ou mesmo por não terem mais nada que fazer, escolham fazer algo muito pequenino mas que saibam que vai marcar na vida de alguém, num momento, num dia.

Depois de sentir esta enorme simpatia pelo senhor, decidi pesquisar e partilhar a razão que o leva a fazer o que faz. Encontrei então este texto perdido pelos locais cibernéticos, provavelmente de alguém que, também curioso, decidiu falar com aquele que eu passei a chamar de "The Waving Man" - Um exemplo para vidas futuras alternativas acima dos 70 anos.

Aqui vos deixo:

"Aos 72 anos, João Paulo Serra tem a inocência de uma criança, o espírito de um jovem, mas o olhar nostálgico de um ancião que sente «ter aprendido com a vida tarde demais». A sua roupa clássica e a ondulação do cabelo grisalho disfarçada com gel, dão-lhe um ar meio aristocrático, que já faz parte da paisagem do Saldanha. Todos o conhecem e quem trabalha nas redondezas sabe o seu percurso de cor.
«Chega por volta das onze, meia-noite... Começa pela zona do Monumental, vai descendo a rua até ao Marquês e depois sobe, parando sempre em pontos estratégicos. Nunca falha.». Arménio é chefe de mesa na marisqueira Maracanã e já lhe serviu alguns jantares. «É muito simpático. Quando passa aqui, acenamos-lhe pela janela. Só não sei: porque é que faz isto?».
João começa por dizer que não sabe bem, mas, a pouco e pouco, interrompendo sempre para acenar, vai desvendando o mistério. Tudo começou há três anos e meio, depois da morte da mãe, com quem vivia. Precisava de se distrair, incomodava-o a ideia de estar sozinho em casa. Um dia, aconteceu. Já reparara que as pessoas o cumprimentavam sem razão, nos centros comerciais e, sem saber como nem porquê, surgiu o primeiro aceno na estrada. Depois veio outro e outro, e o caso virou fenómeno.
«No início era só rapaziada nova, mas depois contagiei todo o tipo de gente», explica sem esconder um certo orgulho.
Graças ao seu «milagre», já deu entrevistas para a televisão e para os jornais, apareceu em dois filmes e até num teledisco. «Sempre quis ser actor mas nunca me deixaram...». Ou nunca teve coragem de tentar.

Algumas dezenas de acenos mais tarde, já não é um João risonho e despreocupado, «com imensos amigos» com quem vai «ao teatro e ao cinema», que fala por detrás dos óculos de massa negra. Nos olhos cinzentos, estão duas lágrimas contidas. Pelo passado, pelo presente e por um futuro que não chega. Com um raciocínio de fazer inveja aos mais novos, o louco, o excêntrico, transforma-se lentamente num avô contador de histórias, que lê Agatha Christie para combater o medo ao andar de avião, que não tem telemóvel porque detesta máquinas e que não vê televisão.
João nasceu no seio de uma família muito rica. Até aos dez anos, viveu num enorme palacete da Tomás Ribeiro, cobiçado mesmo pelo próprio Gulbenkian. «Que saudades tenho desse tempo... A casa estava sempre cheia de família e amigos...».
Mimado desde bebé, fez a instrução primária toda em casa, com um professor particular, pois no primeiro dia de aulas no Colégio Parisiense chorou tanto que os pais não tiveram coragem de o mandar de volta. «Fui criado numa redoma de vidro», confessa, explicando: «Naquela época era tudo muito diferente, havia muitos tabus.». Depois do divórcio dos seus progenitores, quando tinha 13 anos, João foi morar para o Restelo com o pai. Por ele, inscreveu-se em Direito, mas depressa desistiu, «era muito chato».
Depois de uma igualmente curta passagem pelo curso de Histórico-Filosóficas, o pai, «que não sabia que fazer» com ele, mandou-o para Londres com o irmão. «Foram três anos fantásticos. Tinha um grupo de amigos fabuloso, com quem viajei imenso. Teria lá ficado, se não fosse tão agarrado à família...». Sem quase pôr os pés nas aulas, regressou a Portugal e, depois da morte do pai, pouco tempo depois, foi morar com a mãe, de quem não se separou até ao último dia da sua vida. «Viajámos muito os dois. Todos os anos íamos a Paris e Madrid. Conheço a Europa inteira, excepto a Grécia...».
E o olhar perde-se num momento só dele, como se pensasse alto. Quando a mãe morreu, «ficou desasado». E talvez por isso esteja todas as noites a «comunicar».
Admite que o que faz «não é muito normal», mas não passa sem isso. É o remédio que lhe permite disfarçar a solidão que o consome e o faz olhar para o passado com arrependimento, por não ter ousado viver a sua vida em vez da dos outros.
«Ás vezes penso que foi tudo inútil...»No baú dos sonhos perdidos, jaz o curso que não tirou, o trabalho que nunca fez, os filhos que não teve e, pior, o grande amor que nunca conheceu. «Sinto-me só. Incompleto. Como se algo estivesse a falhar.
»E assim lacrimeja quando vê um casal idoso de mãos dadas, ou quando dois rapazes, que diz «reconhecer do subconsciente», param o jipe para tirar uma fotografia com ele.
«Encontramo-nos no céu», repete, aludindo ao que um diplomata ucraniano lhe disse uma vez.
O homem do lixo atira-lhe o derradeiro aceno da noite."

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Indefinido, divagação.

Nasci, ninguém me perguntou nada. Não escolhi, nem sequer me lembro. Se sei que nasci, é porque estou aqui. Será que saberei que morri? Não estarei aqui, não poderei senti-lo. Também não escolherei esse dia. Nem sequer escolho o ritmo do meu coração, o tamanho do meu corpo, a cor dos meus olhos.
Onde quero eu chegar? A uma única escolha, uma única decisão que eu tenha tomado. Quero definir-me. O que é que sou eu? Pondo de parte o meu DNA, o que o meio me conferiu, a sorte que tive, o que vi e vivi. Que valor tenho se eu sou apenas um conjunto de factores que não dependem de mim? Orgulho e culpa são palavras que não têm lugar no dicionário desta minha perspectiva. As pessoas são o que são e fazem o que fazem (o bom e o mau) porque não podem não o ser nem não o fazer. Ninguém escolheu ser o presidente da república, ninguém escolheu ser pedófilo. Simplesmente lhes foram conferidas diferentes características que em nada dependeram deles. Basicamente, ambos têm o mesmo valor pessoal, ou se o leitor preferir, o valor pessoal é algo de fictício, não existe.
Quem tem culpa? Quem merece?
Se as nossas características dependessem de nós, seriamos todos perfeitinhos, a sociedade seria um sucesso. Não existe culpa. Se deus existisse e a culpa também, eu teria a ousadia de dizer que ambos são um só! Mas como não existe, não sinto a necessidade de dizer o que acabei de escrever. Nascemos sem querer, morremos sem querer. Vivemos sem querer, numa ilusão. Dou por mim pensando que sou nada. Só o facto de estar a escrever e pensar neste momento, faz de mim uma pessoa tão igual e tão diferente do resto desta linhagem de robots a que chamamos de humanidade.

sábado, 9 de maio de 2009

Dilema fundamental inacabado

Ando com dificuldade em arranjar tempo para tudo. Ora tenho obrigações, ora tenho vontades. A minha vontade era de fazer uma agenda cultural e ir ver museus, ler todos os livros que estão aqui a apanhar pó, ver todos os filmes que há na minha lista para ver, pesquisar todas as bandas e ir vê-las ao vivo! Então não era isto que devíamos fazer? Não nos querem pessoas formadas? Então deixem-nos um bocadinho de tempo para nos formarmos culturalmente.
Esta coisa da escola devia apoiar mais a cultura, bem sei que os jovens hoje em dia não se interessam muito se a escola o faz, acham que o interesse pelas coisas é só para os "nerds" cheios de acne que não gostam de se divertir. Não, o interesse pelas coisas é essencial para uma vida preenchida, isto do meu ponto de vista. E o facto de nos interessarmos pelas coisas não nos faz menos aptos para nos divertirmos e sermos jovens, apenas nos faz é jovens com alguns objectivos. Talvez falte uma mentalidade diferente na grande massa. E se a escola já apoia, então que faça parte desse apoio haver uma preparação escolar mais dentro da escola e que nos deixe mais tempo para sermos exploradores. Eu sei, é um bocado utópico. É claro que as coisas se são assim é porque ou têm que ser ou então é porque não há forças para as mudar. Eu pessoalmente tenho ideias muito sonhadoras, daquelas do género: Era bom se toda a gente, não perdendo as suas características, gostasse de aprender e de saber; Era bom que as pessoas fossem todas pro-activas; Era bom que houvesse compreensão; Era bom a paz no mundo(esta era só para rematar em grande!), e não sei como as realizar, ainda preciso de umas vitaminas para o fazer. E já agora para dominar o mundo. Tudo para no fim poder fazer aquilo que me preenche.

Ontem, por exemplo fui a concerto de uma das minhas bandas preferidas provavelmente. Soube do concerto numa hora e na outra já me estava a preparar para ir ver. Foi um concerto óptimo, não me arrependo nada de ter ido. Mas há depois aquele peso "Bolas, tenho tanta coisa para fazer e fui para um concerto", é monstruoso. Dá-me a sensação de que me abriram a cabeça e puseram lá um dispositivo qualquer com o nome "Escola", cuja função é a de me lembrar a toda a hora que há exames, que há trabalhos, que há testes e que tenho que ficar com o conhecimento limitado às disciplinas que lá tenho.

É a lei da vida, as coisas são criadas e pouco tempo depois quem as criou ou morre ou esquece-se porque o fez. A escola foi criada para nos fazer seres cultos, não para nos ocupar todo o pensamento e tempo. Sucumbiu. Não sou nenhuma daquelas alunas que precisa de se drogar para aguentar a escola, nem sequer tenho o hábito de exagerar muito. Até reajo bem perante pressões, mas há limites para tudo e eu qualquer dia escolho o caminho mais fácil que é o de abdicar de algumas exigências que me fazem para cumprir algumas outras que eu faço a mim própria.

Calmamente, como sempre. Numa revolta pacifica e à espera de mais fundamentação lógica.

domingo, 3 de maio de 2009

É incrivel como passamos vezes sem conta por ruas e não lhes sentimos o cheiro. O problema talvez seja das novas tecnologias, já dizia noutro dia o meu pequeno eu cerebral de 88 anos. Sim, essas malvadas que nos fazem dependentes e que nos privam duma existência mais observadora, uma vivência mais partilhada (bolas, que hoje há inspiração!), que nos fazem perder de forma muito subtil pequenos pormenores do dia a dia. Se não andássemos tanto de carro não acontecia esta coisa tão irreal que é passar por ruas sem lhes sentir o odor, porque elas têm odores, tudo tem. Apercebi-me disso ao andar numa invenção mecânica, foi preciso uma Vespa para pensar "Já passei tantas vezes por aqui e não sabia que esta rua cheirava a flores".

É certo que este meu discurso é um bocado hipócrita, eu até gosto muito das tecnologias, no fundo este veículo metade mecânico metade "objecto de culto de design" fascina-me, é bonito e faz-me ter pensamentos engraçados contra os carros(desses já não gosto tanto), se a Vespa fosse um ser vivo eu dizia que ela só me está é a controlar para eu comprar muitas Vespinhas para ter na garagem. E no meio deste pensamento todo, a tal Vespa leva-me a contradizer o meu eu de 88 anos para concordar com ele noutro ponto, a culpa não é das tecnologias, a culpa é minha, é desta juventude preguiçosa a que pertenço.

Se calhar devia andar mais a pé pelas ruas que passo frequentemente de carro, só por curiosidade. Só para me sentir melhor comigo mesma. Porque, sinceramente, como posso dizer que conheço a minha terra se muitas vezes nem sequer lhe sinto o cheiro.



Ps: Acabei de me lembrar que estou sempre constipada (espero que não esteja, de forma inconsciente, a tentar arranjar desculpas para a minha cegueira).

sábado, 2 de maio de 2009

Vão para o diabo sem mim, ou deixem-me ir sozinho para o diabo!

À falta de algo autenticamente meu, levam com algo de um grande amigo.

Lisbon Revisited (1923)

Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafisica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
­Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!

Ó céu azul ­ o mesmo da minha infância ­,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!

Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


Alvaro de Campos, Nandinho Pessoa.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Completamente do nada

Este blog ainda não sabe bem para o que é, esta é a verdade. É provável que seja um posto de partilha de coisas . Sim, aquelas coisas a que não nos agarramos por muito tempo, mas que nos vão marcando certas alturas da vida. Coisas dessas.

Ora mas fui criar um blog na altura chata em que não há tempo nem para blogues nem para interesses que não sejam fazer trabalhos e fritar um pouco o cérebro, por isso vou deixar aqui um pouco da teoria do que é fritar o cérebro, que é a única coisa que tem acontecido de interessante em mim.

Bom, fritar o cérebro é uma reacção que não é bem física nem bem química, é mais uma reacção psicológica que inicia quando uma pessoa está focada em determinada coisa chata, no sentido de cansativa. O cérebro começa a falhar e então começamos a imaginá-lo numa frigideira junto a uns bifes e a pensar em coisas (peço perdão) parvas. Noutro dia estava eu num estado de concentração extrema, quando de repente me ponho a divagar sobre a consistência de um muffin de chocolate, a partir daí deu-se todo um monologo cerebral interessante sobre comida. Enquanto isso eu devia estar a trabalhar e a fazer coisas bem feitas e estava a fazer o contrário.